História

Há alguns anos atrás, a maior parte dos habitantes do Vale do Laço dedicava-se à agricultura e à pastorícia e viviam do que o campo lhes dava. Alguns, porque os lucros não eram muitos, complementavam estas actividades com outras. Assim, como a zona era rica em pinhal, uma das principais actividades era a de resineiro que consistia na extracção da seiva do pinheiro bravo, que depois de destilada dava origem ao pez-louro e aguarrás destinados ao fabrico de tintas e vernizes no mercado nacional e internacional. No entanto, é sem dúvida a actividade de carvoeiro a que mais marca a história da nossa aldeia. O carvão era produzido a partir da raiz do “mato” ou urze, existente nas vertentes mais elevadas, e depois vendido nos mercados mais próximos.

Ao longo dos tempos, e tanto quanto é possível recordar pela geração mais antiga desta terra, o seu número de habitantes foi sofrendo uma diminuição significativa. Noutros tempos, o Vale do Laço foi bastante povoado. Contudo, as pessoas eram pobres e, a esmagadora maioria, analfabetas. Os seus filhos abandonavam com tenra idade o seio familiar e eram encaminhados para as casas de pessoas mais ricas para serem servos, mais vulgarmente designados por criados. Aqueles que tinham mais posses enviavam os seus filhos (rapazes) para a escola e lá iam eles, muitas vezes descalços, para a escola mais perto que se situava no Troviscal.Foi todo este conjunto de situações que motivou os moradores do Vale do Laço, por volta dos anos 50, a construir uma escola primária que permitisse que os seus filhos não tivessem que se deslocar todos os dias cerca de 8 Km a pé. Uns forneceram os materiais, outros a mão-de-obra e todos juntos levantaram a Escola Primária do Vale do Laço. Esta passou a ser não só frequentada pelas crianças da terra como também pelas dos arredores. Só num ano lectivo, estudaram na escola cerca de 50 alunos.

Uns anos mais tarde, a população, empenhada no desenvolvimento da terra, achou necessário que se construísse uma pequena capela e, mais uma vez, com o esforço e boa vontade de todos, ei-la!

Mas a vida no campo, e ainda mais numa pequenina aldeia longe de tudo, não era o sonho da maior parte dos habitantes mais jovens daquele tempo. Em busca de melhores condições e na ânsia de conseguir um futuro melhor, foram muitos os que emigraram ou que se deslocaram para o litoral do nosso país. Como consequência, a população viu-se reduzida mas esse facto não foi o suficiente para que a nossa terra morresse.

O tempo passou, muitas coisas mudaram. As condições de saneamento básico foram adquiridas, melhores acessos foram estabelecidos. Ainda assim, a escola que outrora albergara tantos alunos fechou em 1998 por falta de crianças.

No entanto, não estando satisfeitos com o encerramento da escola, um grupo de pessoas decidiu juntar-se fundando e construindo uma associação no local da antiga escola, que o poderá voltar a ser assim que haja um número de alunos suficiente.

A 29 de Junho de 1999 foi fundado o Centro Social, Recreativo e Cultural do Vale do Laço – Os Carvoeiros, em alusão ao antigo ofício de fazer carvão, característico e praticamente exclusivo da nossa terra, nesta região.

Actualmente, o Vale do Laço tem cerca de 80 habitantes. Contudo, passado quase meio século, aqueles que outrora seguiram rumo a uma vida melhor, começam agora a regressar, cansados mas saudosos, à querida terra-mãe.
Assim, pelos que estão, pelos que regressam e pelos que visitam é deveras importante que exista um espaço de lazer, divertimento, de encontros e horas bem passadas com os amigos, que proporcione uma maior evolução da nossa terra e que permita aos habitantes actuais que apreciem cada vez mais a sua terra, aos que regressam que não voltem a sair e aos que visitam que queiram cá voltar…